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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Charlie Charlie, o jogo que virou febre


Brincadeira sugere conversa com espírito. Entretanto, nova "moda" preocupa




“Charlie, Charlie... Você está aqui?”. Essa inofensiva pergunta tem tirado o sono de muitas crianças e adolescentes. Ela dá início ao Desafio Charlie Charlie (Charlie Charlie Challenge, em inglês), basicamente uma reedição de um jogo macabro para invocar espíritos, nos moldes das antigas brincadeiras do copo, do compasso, da caneta e do tabuleiro de Ouija.

Dessa vez, os participantes usam dois lápis sobrepostos e uma folha de papel, na qual escrevem as palavras “sim” e “não”. Os lápis, em formato de cruz, indicam as respostas do além, supostamente dadas pelo tal espírito Charlie.

A prática virou febre nas escolas, a ponto de jovens de cinco escolas de Manaus (AM) apresentarem na última semana um quadro de histeria coletiva, com desmaios e vômitos.

Por aqui, a coisa pode não ter chegado a este extremo, mas há muita criança querendo dormir no quarto dos pais por causa da tal brincadeira. Gabriella, de 9 anos, aluna do 5º ano de uma escola particular de Santos, é uma delas.

A menina soube do jogo durante uma festinha de aniversário no colégio, na sexta-feira. “Era a última aula e um grupo se reuniu e começou a fazer o jogo. Ao verem o lápis mexer, alguns alunos saíram correndo assustados. Minha filha, quando soube o que estava acontecendo, ficou com muito medo e teve uma crise de choro”, conta a jornalista Rosana Rife.

A professora de Matemática Marina Rodrigues de Araújo, que dá aulas no Colégio Objetivo da Ponta da Praia, em Santos, também presenciou o efeito da brincadeira, na quinta-feira: cinco alunos do 6º ano voltaram do intervalo chorando.

“Achei até que era por causa de alguma briga, mas depois descobri que era em razão dessa brincadeira. Procurei acalmá-los e expliquei que já houve práticas parecidas em outras épocas e que eles deveriam conversar com os pais sobre isso”.

Depois, entretanto, a verdade veio à tona. “Um dos alunos chegou até mim e confessou que tinha assoprado o lápis. Ele não tinha falado antes porque estava com medo da reação dos colegas, pois não sabia que sua atitude causaria tanto impacto. Mas, acabou revelando que foi ele e tudo foi esclarecido”, conta Marina.


A classe da professora não é uma exceção. A febre Charlie Charlie alcançou as quatro unidades do Colégio Objetivo na Baixada Santista. “Isso mobilizou professores e alunos de várias séries, dos menores aos maiores”, conta a psicóloga e coordenadora pedagógica da instituição, Maria Dolores Salgado Alvarez.

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