Ex-vereador vê risco em implantação de usina de lixo
Da Redação
Aterro do Sítio das Neves seria mais adequado, diz vereador
O ex-vereador Romeu Magalhães adverte para o risco do agravamento do quadro ambiental de Cubatão se, eventualmente, a cidade for escolhida para a implantação de uma usina termelétrica. O empreendimento utilizaria a queima do lixo da Baixada Santista para gerar energia, como pretende o Governo do Estado.
Embora o projeto ainda esteja sendo elaborado e a definição da localização só ocorra a partir de meados deste ano, a intenção foi confirmada na última semana pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas. Magalhães teme que, pelas características que vêm sendo anunciadas, o empreendimento seja feito nas proximidades do Polo Industrial de Cubatão.
"Vivi no passado, em Cubatão, o problema do nascimento de crianças com cérebro malformado, por suspeita de benzolismo e da queima de dioxinas e furanos em incineradores industriais. Precisamos resistir para que isso não volte a acontecer", explica. A advertência decorre de informação publicada por A Tribuna, em 7 de janeiro, de que o
Governo de São Paulo iniciou os estudos para construir uma usina de tratamento de lixo que produzirá energia elétrica na Baixada e no Litoral Norte.
Como não há espaços disponíveis para mais aterros sanitários, a usina é a melhor alternativa segundo os técnicos. O projeto, segundo estudos desenvolvidos pela Emae, Sabesp e Cetesb, beneficiaria 13 municípios, com o tratamento de mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia.
Polêmica
Há expectativa de que os resíduos incinerados produzam 40 megawatts (MW) por dia, o suficiente para abastecer uma cidade de 250 mil pessoas. Além da energia elétrica, a usina geraria vapor, que poderia ser vendido para indústrias localizadas perto da unidade. É aí que está o risco de agravar o quadro de poluição ambiental, segundo o ex-vereador Romeu Magalhães.
Ele se notabilizou nas décadas de 1970 a 1990 pelas denúncias de poluição industrial e da queima de resíduos tóxicos em Cubatão. Partiram de Magalhães as primeiras suspeitas, até hoje não comprovadas, de que a causa de nascimento de crianças anencefálicas na Cidade estaria ligada ao incinerador de uma unidade industrial fechada na década de 1990.
"A decisão de construir incineradores não pode prescindir de todos os elementos envolvidos num processo de tamanhas importância e complexidade", observa. Magalhães também duvida das afirmações de que não haja áreas na Baixada Santista disponíveis para novos aterros. "O aterro sanitário da Terrestre, no Sítio das Neves, em Santos, tem capacidade para atender à região ainda por muitos anos. Da mesma forma, se houver necessidade de realmente se construir o incinerador, é a área mais adequada para o empreendimento, por ser afastada de núcleos urbanos", propõe o ex-vereador.
Contraponto
Ricardo Lima, consultor da Andrade & Canellas, responsável por estruturar o projeto contratado pelo Governo Estadual, afasta o temor de riscos como o apontado por Romeu Magalhães. Há, segundo ele, 700 plantas do tipo espalhadas pelo mundo.
No Brasil, existem iniciativas para tentar resolver o problema do lixo e gerar energia, como a usina termelétrica do aterro sanitário São João, em São Mateus, na Capital. Mas a tecnologia aplicada é diferente da proposta para a Baixada. Nesses casos, usa-se o metano para produzir a energia. Na central proposta pelo projeto, deve ser usada a técnica de incineração. O calor resultante da queima é aproveitado para gerar vapor, que aciona turbo geradores e produz energia.
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